A ação do "serial killer" deixou donos de gatos da região apavorados. Para evitar novas mortes, a solução encontrada por eles é manter os gatos trancados dentro de casa e bem longe dos venenos. Os proprietários dos animais acreditam que o assassino coloque "chumbinho" (produto clandestino usado como raticida) em alimentos para atraí-los.
Em um ano, a artista plástica e protetora de animais Martha Cristina Campos de Araújo, de 52 anos, teve 12 gatos envenenados. Apenas na última semana, foram cinco e outros dois estão desaparecidos. Todos encontrados com sinais de sangue na boca e esticados.
- É uma expressão de agonia. Eu já levanto de manhã e antes de deixar os gatos saírem para dar uma volta, eu vejo se não tem nenhum morto no quintal. Os gatos sentem muito quando veem um amigo morto. É muito triste - lamenta.
É uma expressão de agonia. Eu já levanto de manhã e antes de deixar os gatos saírem para dar uma volta, eu vejo se não tem nenhum morto no quintal
Em maio do ano passado, Martha fez o primeiro boletim de ocorrência relatando a morte de cinco gatos, e o desaparecimento de outros quatros.
- Infelizmente, nem todos os donos fazem o mesmo - diz ela, que contabiliza a morte dos gatos da vizinhança e da rua.
Quem também chorou a morte de um bichinho de estimação foi a corretora de seguros Analice Steiner Fruht, de 56 anos, que tem oito gatos em casa.
- Quando um deles some, eu já fico desesperada. Uma pessoa que faz isso para um bicho indefeso é pior que qualquer animal - critica.
Maltratar, ferir ou mutilar animais domésticos é crime contra a fauna. A pena varia de 3 meses a 1 ano de detenção. Se houver morte, a punição aumenta de 1/6 a 1/3 da pena.
Autópsia ajuda na investigação
Para ajudar na investigação nas mortes em série de gatos no Campo Belo, Martha Araújo pagou para que fosse feita a autópsia em um dos seus gatos.
- Infelizmente, não posso fazer em todos. Mas isso é para provar que eles estão sendo envenenados - esclareceu ela.
O resultado está previsto para sair no sábado, dia 25.
Para proteger os outros animais, Martha passou a viver em casa trancada com 16 gatos. Janelas, portas e portão ganharam telas de proteção para evitar que os gatos saiam às ruas. Dez são de estimação e os outros seis foram retirados da rua e estão sendo cuidados para ser entregues para adoção.
Na cidade de São Paulo, animais só podem ser doados após serem castrados. E cada morador pode ter no máximo dez bichos de estimação em casa.
Fonte: O Globo